sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Magia sexual

Conta a lenda, que o coito de Shiva e Shakti durou vinte e cinco anos, sem que Shiva vertesse nela o sêmen. Como um elefante aprisionado, ele não podia se mexer. Lendas tântricas como esta tentam ilustrar a visão de mundo dos tantristas, a plenitude mágica e transformadora, alcançada quando integramos as energias masculina e feminina dentro de nós.
Mas o Tantra não é só isto. O sexo tântrico não é apenas uma forma de fazer sexo, é uma forma de ligação, uma ferramenta que entrelaça tudo, que cria uma sucessão de energia que passa de um organismo para o outro.  A sexualidade no Tantra é assim sagrada: sexo é uma forma de comungar e unir-se com a manifestação divina dentro de nós.
Trata-se de uma forma de se alcançar a energia divina que há no universo. Por isto, qualquer maneira de despertar a serpente oculta que dorme em nós com ritos, massagens, meditação, e inclusive o sexo, é sempre uma prática tântrica.

Magia sexual

Feitiçaria sexual é um dos aspectos mais importantes da magia moderna por revelar um método de feitiçaria que é encontrado no próprio corpo humano. Por ser uma tradição que une tanto o ocidente quanto o oriente e usa técnicas de diferentes escolas.

Para entender plenamente a Feitiçaria Sexual deve-se pôr de lado todos os preconceitos e adentrar o estudo com uma mente aberta e uma predisposição de considerar uma nova via para entender e experienciar o Universo e si mesmo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Lilith

Lilith é provavelmente o demónio feminino mais conhecido nos círculos do oculto, e também provavelmente um dos mais temidos seres espirituais.
Lilith encontra-se amplamente retratada nas lendas e mitologias hebraicas, tendo sido na antiguidade um dos mais temidos anjos negros, o demónio feminino tão terrivelmente receado que o seu nome não era sequer invocado.
Lilith foi a primeira mulher criada pela mão de deus, mesmo antes de Eva. Lilith foi por isso a primeira esposa de Adão.
Contudo ao contrário de Eva que foi criada a partir da costela de Adão, Lilith foi gerada do mesmo barro que Adão, e por isso era um ser em pé de igualdade com Adão.
Por assim ser, Lilith era um ser feminino independente e á mesma escala de Adão, o que que desagradou ao seu esposo humano.
Lilith era livre, irresistivelmente bela e cheia de luxúria, sendo que se recusava a sujeitar sexualmente a Adão, ou sequer e submeter á sua suposta superioridade, ( Lilith recusava-se a ficar debaixo de Adão durante o coito, sendo que Adão não aceitava essa posição de inferioridade do macho ), o que muito desagradava ao primeiro homem.
Farta do machismo dominador de Adão,  Lilith abandonou o Paraíso e fugiu para o Mar Vermelho, onde em viveu em liberdade. Lilith ali conheceu e manteve relações com diversos demónios.
Ao perceber que a sua esposa tinha fugido, Adão chorosamente pediu ajuda a Deus. Deus ouviu os lamentos de Adão, e enviou três anjos para ir buscar Lilith ao mar vermelho e faze-la regressar para junto do seu esposo.
Quando os 3 anjos encontraram Lilith, ela  maliciosamente respondeu que já não poderia regressar ao paraíso para viver na companhia do marido, pois já tinha desgraçado a sua honra d esposa nas suas prostituições com os demónios.
A resposta era inegavelmente verdadeira, e não havia como negar que as regras de Deus haviam sido violadas. Lilith usou as regras do Criador em seu proveito com inteligência, conseguindo assim manter a sua liberdade.
Lilith continuou assim a viver com os demónios, prostituindo-se com eles e dando origem a filhos igualmente demoníacos.
lilith_sucubus
Adão ficou só, e Deus achou que isso não era bom.
Assim, segundo algumas tradições mitológicas hebraicas, foi então criada Eva.
Como conta o Livro de Génesis, a historia não ficou por aqui. Também Eva foi seduzida por Lúcifer, e algumas correntes teológicas defendem que dessa relação nasceu Caim.
Certas mitologias dizem também que verdadeiro o motivo que levou Lilith a abandonar o paraíso foi ter-se apaixonado por Samael, o anjo da morte. Samael deu-lhe a conhecer o prazer de Adão não era capaz de oferecer. Lilith, enquanto um ser feminino de grande luxúria, apaixonou-se irremediavelmente pelo anjo. Em troca das relações sexuais, o anjo deu a Lilith não só o nome secreto de Deus, como também toda a sabedoria mística e magica.
Foi com o poder que deriva do nome de Deus que Lilith obteve a chave para sair do paraíso e fugir a Adão, ao passo que foi com a sabedoria da magia negra que Lilith conseguiu invocar os demónios com quem se prostituiu, e assim conseguiu grande e terrível poder sobrenatural.
Lilith foi por isso a primeira bruxa da humanidade, e é a padroeira de todas as bruxas.
Ao contrário de Eva que morreu como um ser humano mortal, Lilith alcançou a imortalidade tendo casado com Samael, ao passo que tornando-se amante de Lúcifer.
Lilith é um demónio feminino de uma irresistível beleza, sendo que rezem certas mitologias hebraicas e gnósticas, que Lilith é uma das 5 amantes de Lúcifer.
Mais que isso, Lilith é a concubina preferida de Lúcifer.
Outras mitologias apontam Lilith com a esposa de Samael, aquele que é o anjo da morte. Samael encontra-se referido indirectamente na Bíblia, no II Livro de Samuel, sendo que o seu nome significa «a ira de Deus», ou o «veneno de Deus».
Consta em certas tradições místicas hebraicas, que Deus aceitou o casamento entre Lilith e Samael, sendo que em virtude desse matrimónio, transformou Lilith, ( a primeira mulher criada por Deus), de mera humana mortal em anjo caído e imortal.
Contudo, Deus castrou o anjo Samael como forma de eterna punição pela transgressão de ambos, porquanto Lilth era humana quando Samael a possuiu, e as relações carnais e amorosas entre anjos e mulheres são proibidas pela Lei de Deus – veja-se que segundo o livro de Enoch, o dilúvio sucedeu porque um grupo de 200 anjos desertou do céu e casou com mulheres, possuindo-as e tendo com elas filhos que povoaram a terra, aqueles chamados de nefilins.
Segundo a etimologia judaica vulgar, o nome Lilith deriva de «Layil», que significa «noite». O mesmo nome, de acordo com as tradições assírio -babilónicas, significa «demónio feminino» ou «espírito dos ventos». Na antiguidade, Lilith foi igualmente associada ás deusas lunares, e consequentemente tanto ao mundo dos espíritos ou dos mortos, como ao mais temível poder da magia negra.
Em certos círculos ocultistas, Lilith é uma das entidades espirituais mais invocadas para presidir a rituais e celebrações de magia negra, da mesma forma que entidades como pomba gira, são regularmente conjuradas em trabalhos espirituais de magia vermelha. Também de acordo com certas teses ocultistas, para alem de padroeira das bruxas, Lilith é igualmente tida como a responsável pela reencarnação das bruxas, concedendo ás que são do seu agrado a vida eterna, intercedendo junto de Lúcifer para que a imortalidade seja concedida ás suas seguidoras predilectas.

CIÊNCIA DOS DRUÍDAS

" O HOMEM É MODESTO NAS PALAVRAS E EXCEPCIONAL NOS ATOS ". CONFÚCIO


Embora os Druidas somente neste milénio haja se apresentado publicamente, contudo a actuação deles é muitíssimo mais antigo do que se pensa. Antes de a Atlântida ser tragada pelo oceano muito das pessoas que lá viviam migraram, e que uma das correntes migratórias foi habitar no oeste da Europa. Com certeza os desse grupo foram os Druidas, mas que por milénios viveram sem desenvolverem uma civilização, mesmo assim conservando a ciência trazida do Continente submerso.

Os Druidas tinham grandes conhecimentos astronómicos como se pode ver pelos círculos de pedra. Aquelas construções tinham dupla finalidade, a de servir como centros de força telúricas e siderais para a realização dos rituais e, ao mesmo tempo, também, funcionavam como observatórios, especialmente dedicados à marcação das efemérides anuais, ou seja, eram calendários por meio do qual o povo pudesse evidenciar a posição do Sol e de algumas estrelas em relação com determinados monumentos e assim pudesse saber das datas festivas, do início dos períodos próprios para início do plantio, etc. Contudo, este se constituía um uso secundário e popular, pois na realidade aquelas construções diziam respeito à utilização das forças telúricas e siderais, e em especial aquelas forças ligadas as ciências dos cristais, trazidas para a Europa pelos emigrantes da Atlântida.

Os Druidas foram considerados magos, feiticeiros, especialmente em decorrência dos conhecimentos que eles tinham de medicina, do uso das plantas medicinais, do controle do clima, etc. Eram capaz de provocar manifestações telúricas e siderais, provocar ou fazer cessar chuvas, isto, é, controlar o ritmo das chuvas, de desviar furacões e ciclones, controlar as marés, atenuar os tremores de terra e as erupções vulcânicas, alem de outros fenómenos climatológicos. Isto eles dominavam bem e procediam em parte com o uso de cristais e em parte pela acção da mente, evidentemente com um poder muito ampliado graças aos rituais procedidos em lugares de força, como Stonehenge e outros círculos de pedra.

Evidentemente, os Druidas preocupavam-se mais com o lado pratico da vida, com a fertilidade dos campos e com o desenvolvimento espiritual do que propriamente com o desenvolvimento técnico.

Teologicamente o druidismo é bastante similar à Wicca; desde que visava essencialmente uma forma de relação com a Mãe Natureza, incentivando a dignidade, a liberdade, e a responsabilidade da humanidade, e coisas assim. Os Druidas celebram suas cerimónias principais nas mesmas datas em que os celtas efectivavam seus festivais. Contudo os rituais são diferentes em muitos detalhes, mas visam o mesmo objectivo que muitos outros rituais classificados pelas Igrejas Cristãs derivadas do Ortodoxismo, como ritos pagãos. Na realidade visavam estabelecer um elo de ligação sagrado entre o homem e a natureza, criar um espaço sagrado, visando à invocação da Deidade, celebrando cerimónia não em templos, mas em contacto directo com a natureza, criando e intensificando assim um elo entre a Deusa Mãe e a comunidade.

Apesar de ter um contacto muito forte com a Mãe natureza, os druidas acreditam em Deus como força criadora, ou seja, não existe a mesma dualidade que existe na wicca.

A ciência dos Druidas encerrava muitos mistérios e durante séculos tem se comentado a respeito de Avalon, uma maravilhosa "ilha encantada", lugar de grandes mistérios.

Não se pode dizer que Stonehenge, Glastonbury e outros sítios megalíticos hajam sido construídos pelos Druidas deste milênio, eles apenas usaram o que os seus antepassados construíram. A datação pelo carbono-14 mostra que aquelas construções são anteriores à fase clássica do Druidismo. Isto é verdade, pois foram construídos logo depois da chegada dos atlantes àquelas plagas. Na realidade foram construídos, e ainda existem centenas de círculos de pedra especialmente na Bretanha e na Escócia.

Embora os Celtas e Druidas não fizessem uso intenso da linguagem escrita, especialmente para transmitir seus conhecimentos, mesmo assim eles tinham uma escrita expressa sob a forma de um alfabeto conhecido por alfabeto rúnico. As runas são símbolos gráficos com os quais podem ser gravados sons, palavras, mas o principal uso dos desenhos, as runas, é de natureza mágico. Bem mais que o alfabeto hebraico as runas são símbolos evocativos de poderes e representam para o druidismo o que o alfabeto hebraico representa para a Cabala.

As runas têm o poder de canalizar as forças mentais, de projectar a mente da pessoa a um nível ampliado de consciência e daí a captação de conhecimentos ocultos, de conhecimentos velados, de situações afastadas no espaço e no tempo.

As propriedades mágicas das runas eram usadas pelos Celtas e Druidas como forma de saber o passado e o futuro. Essa arte ainda hoje é muito praticada, mas tenhamos em mente que a quase totalidade daqueles que se anunciam como adivinhos rúnicos na verdade são enganadores, que vivem comercializando uma arte sagrada. Trata-se de um sistema milenar cujos conhecimentos são secretos, cujo domínio é reservado somente aos iniciados.

Na Inglaterra e países nórdicos existem diversas organizações druídicas sérias, mas somente uma delas é devidamente credenciada para conferir graus iniciáticos.

ARQUEOASTRONOMIA

Uma série de construções megalíticas encontradas na Europa testemunham que os nossos antepassados tinham algum conhecimento de fenómenos astronómicos. Pesquisas iniciadas em 1890, nos monumentos egípcios e nas edificações megalíticas em Inglaterra, têm revelado que os habitantes (mesmo pré-históricos) de algumas regiões possuíam um notável conhecimento de alguns fenómenos astronómicos.

Aquilo que hoje se chama arqueoastronomia, irradiou a partir de França e Inglaterra, com a descoberta de monumentos antigos ou simples locais de cultos em que havia alinhamentos com orientações de natureza astronómica, indicando alguns, provavelmente, a posição de certos astros brilhantes na esfera celeste, bem como as posições do nascimento e o caso do Sol e da Lua em ocasiões específicas, particularmente nos equinócios e nos solstícios.

No continente europeu, as construções megalíticas mais divulgadas são as de Stonehenge (Inglaterra), local em que por volta do ano 3000 a.C., terá sido criado o primeiro local de culto, o qual foi desenvolvido nos cerca de 1500 anos posteriores.

Em Portugal, o maior megalítico até agora conhecido situa-se na herdade dos Almendres e é o mais importante elemento do notável conjunto de construções megalíticas da região de Évora. Admitindo-se que a sua edificação ocorreu na transição do século IV para o século III a.C., o que coincide com uma das fases de evolução de Stonehenge, é razoável aceitar que os respectivos povos tivessem alguma relação, pelo menos cultural. (Máximo Ferreira, in revista Super Interessante. Adaptado).




OS DRUÍDAS


"QUANDO ESTUDAMOS SOBRE OS DRUÍDAS, TEMOS DE ESQUECER NOSSA RAZÃO E EMBARCAR NUM MUNDO DIFERENTE, MÁGICO, FANTÁSTICO, DE UM POVO INCRÍVEL E MISTERIOSO”.


Quem eram os druidas? – O que melhor se pode dizer é que os druidas foram membros de uma elevada estirpe de Celtas que ocupavam o lugar de juizes, doutores, sacerdotes, adivinhos, magos, médicos, astrónomos, etc., mas que evidentemente não constituíam um grupo étnico dentro do mundo Celta. Eram grandes conhecedores da ciência dos cristais, radiestesia, plantas, etc.

As mulheres célticas gozavam de mais liberdades e direitos do que as de outras culturas contemporâneas, incluindo-se, até mesmo, o direito de participarem de batalhas, e de solicitarem divórcio. Neste contexto havia mulheres druidas. Na cultura druídica, portanto, a mulher tinha um papel preponderante, pois era visa como a imagem da Deusa.

No contexto religioso os druidas eram sacerdotes e sacerdotisas dedicados ao aspecto feminino da divindade, a Deusa Mãe. Embora cultuassem a Deusa Mãe mesmo assim admitiam que todos os aspectos expressos a respeito da Divindade eram ainda percepções imperfeitas do Divino. Assim, todos os deuses e deusas do mundo nada mais eram do que aspectos de um só Ser Supremo - qualquer que fosse a sua denominação visto sob a óptica humana.

A palavra druida é de origem céltica, e segundo o historiador romano Plínio - o velho, ela está relacionada com o carvalho, que na realidade era uma árvore sagrada para eles.

Desde que o povo celta não usava a escrita para transmitir seus conhecimentos, após o domínio do cristianismo perdeu-se muito das informações históricas daquela maravilhosa civilização e especialmente das que a precederam deste o fim da Atlântida, excepto aquilo que permaneceu zelosamente guardado nos registros de algumas Ordens Iniciáticas, especialmente a Ordem Céltica e a Ordem Druídica. Por isto muito da história dos Druidas até hoje é um mistério para os historiadores oficiais; sabem que realmente que existiu entre o povo Celta, mas que não nasceram nesta civilização. Sendo assim impõe-se a indagação: de onde vieram os Druidas? Seriam Deuses? Ou Bruxos? O pouco que popularmente é dito a respeito dos druidas tem como base diversas lendas, como a do Rei Arthur, onde Merlin era um druida.

Diversos estudiosos tem argumentado que os Druidas originariamente pertenceram à pré-céltica (não Ariana) população da Bretanha e da Escócia.

Desde o domínio romano, instigado pelo catolicismo, a cultura druídica foi alvo de severa e injusta repressão, que fez com que fossem apagados quaisquer tipos de informação a respeito dela embora que na historia de Roma conste que Júlio César reconhecia a coragem que os druidas tinham em enfrentar a morte em defesa de seus princípios.

Os Druidas dominavam quase todas as áreas do conhecimento humano, cultivaram a musica, a poesia, tinham notáveis conhecimentos de medicina natural, de fitoterapia, de agricultura e astronomia, e possuíam um avançado sistema filosófico muito semelhante ao dos neoplatônicos. O povo celta tinha uma tradição eminentemente oral, não faziam uso da escrita para transmitir seus conhecimentos fundamentais, embora possuíssem uma forma de escrita mágica conhecida pelo nome de escrita rúnica. Mesmo não usando a escrita para gravar seus conhecimentos eles possuíram suficiente sabedoria a ponto de influenciarem outros povos e assim marcar profundamente a literatura da época, criando uma espécie de aura de mistério e misticismo.

A Igreja Católica, inspirada pela Conjura, demonstrou grande ódio aos Druidas que, tal qual outras culturas, foram consideradas pagãs, bruxos terríveis, magos negros que faziam sacrifícios humanos e outras coisas cruéis. Na realidade nada disso corresponde à verdade, pois quando os primeiros cristãos chegaram naquela região foram muito bem recebidos, até porque a tradição céltica conta que José de Arimatéia discípulo de Jesus viveu entre eles e levado até lá o Santo Graal (Taça usada por Jesus na Última Ceia).

Em torno disto existem muitos relatos, contos, lendas e mitos, especialmente ligados à Corte do Rei Arthur e a Távola Redonda. São inúmeros os contos, entre eles, aqueles relativos à Corte do Rei Arthur, onde vivera Merlin, o mago, e a meia-irmã de Arthur, Morgana, que eram Druidas.

A religião druídica na realidade era uma expressão mais mística da religião céltica. Esta era mais mágica, por isso mais popular, com formas de rituais mais rústicos, e muito mais ligado à natureza ambiental, à terra que era tratada com carinho bem especial. A mais popular das expressões religiosas dos celtas constituiu-se a Wicca, que o Catolicismo fez empenho em descrever como um conjunto de rituais satânicos.

São frequentemente os festivais célticos. Para eles o ano era dividido em quatro períodos de três meses em cujo início de cada um havia um grande festival.

Eram eles:

Imbolc - celebrado em 1 de fevereiro e era associado à deusa Brigit, a Mãe-Deusa protectora da mulher e do nascimento das crianças;

Beltane - celebrada em 1 de maio. (também chamado de Beltine, Beltain, Beal-tine, Beltan, Bel-tien e Beltein) Significa "brilho do fogo". Este festival, muito bonito, era marcado por milhares de fogueiras;

Lughnasadh - (também conhecido como Lammas), dedicado ao Deus lugh, celebrado em 1 de agosto;

Samhain - a mais importante das quatro festas, celebrada em 1 de novembro. Hoje associada com o Hallows Day, celebrado na noite anterior ao Hallowen.

Basicamente a doutrina céltica enfatizava a terra e a deusa mãe enquanto que os Druidas mencionavam diversos deuses ligados às formas de expressão da natureza; eles enfatizavam igualmente o mar e o céu e acreditavam na imortalidade da alma, que chegava ao aperfeiçoamento através das reencarnações. Eles admitiam como certa a lei de causa e efeito, diziam que o homem era livre para fazer tudo aquilo que quisesse fazer, mas que com certeza cada um era responsável pelo próprio destino, de acordo com os actos que livremente praticasse. Toda a acção era livre, mas traria sempre uma consequência, boa ou má, segundo as obras praticadas. Mesmo sendo livre, o homem também respondia socialmente pelos seus actos, pois para isto existia pena de morte aplicada aos criminosos perversos. A Igreja Católica acusava os Celtas e Druidas de bárbaros por sacrificarem os criminosos de forma sangrenta, esquecendo que ela também matava queimando as pessoas vivas sem que elas houvessem cometido crimes, apenas por questão de fé ou por praticarem rituais diferentes… pura ironia!

A crença céltica e druídica diziam que o homem teria a ajuda dos espíritos protectores e sua libertação dos ciclos reencarnatórios seria mais rápida assim. Cada pessoa tinha a responsabilidade de passar seus conhecimentos adiante, para as pessoas que estivessem igualmente aptas a entenderem a lei de causa e efeito, também conhecida actualmente como lei do carma.

Não admitiam que a Divindade pudesse ser cultuada dentro de templos constituídos por mãos humanas, assim, faziam dos campos e das florestas, principalmente onde houvesse antigos carvalhos, os locais de suas cerimónias.

Em vez de templos fechados eles reuniam-se nos círculos de pedra, como se vêem nas ruínas de Stonehenge Avebury, Silbury Hill e outros.

Enquanto em alguns dos festivais célticos os participantes o faziam sem vestes os Druidas, por sua vez, usavam túnicas brancas. Sempre formavam os círculos mágicos visando a canalização de força.

Por não usarem roupas em alguns festivais e por desenvolverem ritos ligados à fecundidade da natureza, por ignorância, por má fé ou mesmo por crueldade dos padres da Igreja, Celtas foram terrivelmente acusados de praticarem rituais libidinosos, quando não realidade tratava-se de ritos sagrados.

DRUIDAS

Os Druidas formavam uma classe social do povo celta, herdeira e guardiã das tradições religiosas. Eram respeitados por seus conhecimentos de astronomia, direito e medicina, por seus dons proféticos, e como com juízes e líderes. Acreditavam na imortalidade da alma, na perfectibilidade indefinida da alma humana, numa série de existências sucessivas. Sua instituição, o druidismo foi um poderoso factor de unidade do mundo celta e, por isso, combatida pelos romanos durante as conquistas.

A filosofia dos druidas ou as leis das almas (lei das Tríades), reconstituída em sua imponente grandeza, patenteou-se conforme as aspirações das novas escolas espiritualistas. Como os actuais espíritas, os druidas sustentavam a infinidade da vida, as existências progressivas da alma, a pluralidade dos mundos habitados.

Destas doutrinas viris, do sentimento da imortalidade que delas dimana, é que o povo celta tirava o espírito de liberdade, de igualdade social e heroísmo em presença da morte. Essa luz intensa que inundou a terra das Gálias foi apagada há mais de vinte séculos atrás pela força romana, expulsando os druidas, abriu praça a padres cristãos. Depois, vieram os Bárbaros e fez-se a noite sobre o pensamento, a noite da Idade Média, longa de dez séculos, tão carregada que parecia impossível conseguissem virá-la os raios da verdade. Na Idade Média, Joana D'Arc que já vivera, nos tempos idos, como celta, trousse em si a intuição directa das coisas da alma, que reclama uma revelação pessoal e não aceita a fé imposta; são faculdades de vidente, peculiares a raça céltica.

Só pelo uso metódico dessas faculdades se pode explicar o conhecimento aprofundado que os druidas tinham do mundo invisível e de suas leis. A festa de 2 de Novembro, a comemoração dos mortos, é de fundação gálica. A data 31 de Outubro era considerado como último dia do ano e acreditavam que os mortos vinham visitá-los. Para confundi-los, vestiam-se de fantasias e essa é a origem de Halloween. Os gauleses praticavam a evocação dos defuntos nos recintos de pedra. As druidisas e os bardos obtinham os oráculos.

A História nos ministra exemplo desses fatos. Refere que Vercingétorix se entretinha, à sombra da rama dos bosques, com as almas dos heróis, mortos pela pátria. Como Joana, outra personificação da Gália, o jovem chefe ouvia vozes misteriosas. Um episódio de sua vida prova que os gauleses evocavam os Espíritos nas circunstâncias graves. A pequena distância da costa sinistra, em meio de parcéis que a espuma dos escarcéus assinala, emerge uma ilha, outrora recamada de bosques de carvalho, sob cujas frondes se erguiam altares de pedra bruta. É Sein, antiga morada das druidisas; Sein, santuário do mistério, que os pés do homem jamais conspurcavam. Todavia, antes de levantar a Gália contra César e de, num supremo esforço, tentar libertar a pátria do jugo estrangeiro, Vercingétorix foi ter à ilha, munido de um salvo conduto do chefe dos druidas. Lá, por entre o fuzilar dos relâmpagos, diz a legenda, apareceu-lhe o génio da Gália e lhe predisse a derrota e o martírio.

Certos fatos da vida do grande chefe gaulês não se explicam senão mediante inspirações ocultas. Por exemplo, sua rendição a César, próximo de Alésia. Qualquer outro Celta teria preferido matar-se, a se submeter ao vencedor e a servir-lhe de troféu no triunfo. Vercingétorix aceita a humilhação, a fim de reparar pesadas faltas, que cometera em vidas antecedentes e que lhe foram reveladas.

Enfim, após lenta e dolorosa gestação, a fé dos antigos, rejuvenescida e reconduzida, renasce em novos moldes, através do Allan Kardec, inspirado pelos Espíritos superiores, restaurou, dilatando-lhes o plano, as crenças dos antepassados. É verdadeiramente o espírito religioso da Gália que revive nesse chefe de escola. Nele, tudo lembra o druida: o nome que adoptou, absolutamente céltico, o monumento que, por sua vontade, lhe cobre os despojos materiais, sua vida austera, seu carácter grave, mediativo, sua obra inteira. Allan Kardec, preparado em existências precedentes para a grande missão, não é senão a reencarnação de um Celta eminente. Ele próprio o afirma na seguinte mensagem obtida em 1909: "Fui sacerdote, director das sacerdotisas da ilha de Sein e vivi nas costas do mar furioso, na ponta extrema do que chamais a Bretanha.”.

Os druidas, possuidores de poderes místicos, hoje conhecido como mediunidade, estudavam durante 20 anos todos os conhecimentos mais adiantados da época e eram espíritos eminentemente elevados para o tempo onde maioria eram bárbaros. Com isso, pode até arriscar a opinar que muito dos Espíritos elevados de hoje, tenham estagiado como druidas ou em alguma outra comunidade de característica semelhante.

O PAPEL DOS DRUÍDAS


" O MESTRE SABE COMO EXERCER PROFUNDA INFLUÊNCIA SEM FORÇAR PARA QUE AS COISAS ACONTEÇAM "
TAO TE KING – VERSO 58


O Druidismo no período céltico, de uma certa maneira, pode ser considerado uma casta dedicada às ciências antigas concomitantemente também uma forma, por assim dizer, mais refinada de uma religião básica; não que houvesse discrepâncias entre as formas seguidas pelo povo em geral, a Wicca, e pelos Druidas. De uma certa forma podemos dizer que a Wicca representava o lado exotérico; enquanto que o Druidismo, o lado esotérico.

A Wicca era de uso comum, todos dela participavam, muitas pessoas a praticavam a modos próprios e, assim sendo, havia muitas variações não só no que dizem respeito aos rituais, mas também quanto às finalidades. Os rituais tinham por objectivo a canalização de forças da natureza, mas, como diz a expressão rosa-cruz "a lei sempre cumpre", então o resultado deles podia ser de natureza negativa ou positiva. Sendo forças elas direccionadas visando os mais diversos fins, quer estes fossem negativos ou positivos, isto dependia do tipo de ritual e das intenções das pessoas que deles participavam.

Pelo que dissemos, é fácil se entender o porquê dos padres da Igreja Católica terem tido material suficiente para acusarem religião céltica de pagãs e para colocar os sacerdotes celtas, especialmente as sacerdotisas, nos bancos de réu da inquisição e cujos veredictos sempre eram a condenação à morte na fogueira. Mas temos que entender, se houveram desmandos nem por isto honestamente podia-se dizer que a base da Wicca era negativa por ser ela também praticada de uma forma negativa. Isto não queria dizer que ela fosse essencialmente negativa. Tudo tem duas faces, há sempre o lado oposto das coisas; portanto condenar sistematicamente a Wicca é o mesmo que se condenar o catolicismo por existir o oposto da missa praticado pelos satanistas e denominado de missa negra; assim como não se pode condenar o espiritismo por existirem invocações satânicas em determinados ritos. Isto tudo é uma decorrência da duplicidade, da polaridade das coisas. Quanto mais liberal, quanto menos controle centralizado existir sobre uma religião, tanto mais subdivisões ela terá. Vão se formando múltiplas seitas com os mais diferentes objectivos, muitas vezes diferindo uma das outras apenas por uma singela interpretação de um versículo bíblico. Isto podemos ver na actualidade no que diz respeito ao Protestantismo cujo número de cultos e denominações específicas perfaz um elevado número. O mesmo acontece com relação ao Espiritismo, todo dia surgem seitas espíritas diferentes. Enquanto isso, o mesmo não acontece com tanto facilidade no Catolicismo, ele quase não se divide, exactamente por existir uma centralização em Roma, por haver um controle central sobre as actividades pastorais, sobre as divulgações em matéria de fé, e sobre a liturgia.

Como na civilização Céltica não havia qualquer tipo de um controle central, consequentemente a Wicca era praticada livremente, não existia uma direcção centralizada, uma administração controladora; podendo cada pessoa praticá-la a seu próprio modo, segundo sua maneira pessoal e esta nem sempre tinha um objectivo positivo.

Os celtas conheciam bem os princípios ligados não apenas à energia sutil, mas também à energia dos cristais, às correntes de energia telúricas e a outras formas de energia. Assim sendo os rituais da Wicca revestiam-se de manifestações de grandes poderes daí haver uma ambiguidade perigosa nos ritos praticados, pois a energia é a mesma quer seja direccionada negativa, quer positivamente como é o certo.

Na verdade na religião céltica, na Wicca, havia iniciações, contudo não implicava que ela fosse praticada por qualquer uma pessoa independentemente de ser, ou de não ser ela, uma iniciada.

Enquanto a religião popular, a Wicca, apresentava-se descentralizada e praticada independentemente por inúmeros grupos, dava-se exactamente o inverso no Druidismo. Este sistema era rigidamente baseado em iniciações rigorosas, havia princípios rígidos a serem cumpridos, e o conhecimento dos métodos de actuação sobre a natureza eram de uso exclusivo dos sacerdotes, sacerdotisas e iniciados.

Os conhecimentos dos Druidas sobre as ciências antigas iam muitos além daquilo que o celtismo praticava. Na realidade grande parte daquilo que foi levado da Atlântica para a Europa ficou restrito a ensinamentos transmitido de boca a ouvido e assim mesmo transmitido apenas às pessoas devidamente preparadas. Havia um domínio sobre a ciência antiga exercida por iniciados de grande responsabilidade. Um rígido sistema iniciático fez com que os maiores ensinamentos oriundos da Atlântida permanecessem velados. Contudo, com o transcorrer dos séculos, alguns conhecimentos foram escapando e sobre isto foi se construído uma forma popular de religião, que mais tarde transformar-se-ia na Wicca.

Durante milénios os conhecimentos da Atlântida ficaram a disposição apenas de grupos de iniciados que, já numa fase bem recente, vieram a se unificar sob o nome de Druidas. Estes, portanto, foram os guardiões dos conhecimentos arcanos deixados pelos atlantes milénios antes.

Boa parte dos conhecimentos dos atlantes, mesmo que hajam sido guardados por grupos responsáveis, alguns acabaram escapando do controle e tornando-se do conhecimento de pessoas comuns, originando-se desta forma algumas seitas célticas, e entre esta a Wicca.

O sistema iniciático que predominou nos descendentes europeus dos atlantes fez com que os maiores ensinamentos permanecessem velados e praticados neste milénio pelos Druidas. Somente como advento do catolicismo romano foi que o druidismo aparentemente desapareceu, pois na verdade ele sobreviveu e continuou actuante a nível secreto, apenas oculto dos olhos dos profanos, sobre a égide de algumas poucas ordens secretas autênticas druídicas. Um número bem reduzido delas permaneceu actuante até nossos dias e que, por certo, com o advento da Nova Era, se unirão numa única. Parte dos conhecimentos druídicos foram guardados especialmente por serem de grande significação nesta fase que está entrando a humanidade.

Também estão se apresentando publicamente ramos da Wicca e podemos dizer que não serão apenas as que reflectem o lado positivo, mas não há pelo que se temer desde que actualmente existe aquele "filtro espiritual" ligado à reencarnação no Terceiro Milénio, de que falamos em temas anteriores, o que não permitirá que se exacerbem tantos sentimentos negativos quanto os que o fizeram na Era de Peixes..

Os ensinamentos druídicos eram bem refinados, seus rituais também eram praticados em lugares de força, nos círculos de pedra, e conduzidos com grande solenidade. Poucos têm ciência do imenso cabedal de conhecimentos que os druidas detinham e que estão voltando em decorrência dos benefícios, quer materiais quer espirituais, que virão beneficiar a humanidade da Nova Era.

Mesmo que agindo ocultamente o Druidismo nunca foi totalmente eliminado. Ele permaneceu por todos esses séculos actuando discretamente como a Sagrada Ordem Druídica. Como Ordem Iniciática ela vem exercendo um importante papel no desenvolvimento da humanidade actual, em especial no mundo ocidental. Com essa finalidade mestres druidas encarnarem em vários lugares onde ocuparam funções relevantes no seio das religiões e das doutrinas.

Como exemplo da influencia druídica no campo místico-religioso do Ocidente podemos mencionar Kardecismo. A Doutrina Espírita codificada por Kardec vem exercendo um significativo papel na espiritualização do mundo ocidental. Na realidade o Espiritismo não pode ser considerado uma doutrina altamente mística, com base metafísicas elevadas, mas que mesmo assim é a religião que mais vem contribuindo para o renascer do homem ocidental no campo das ciências esotéricas. Isto decorre do fato de que se trata de uma doutrina que tem por objetivo retirar um colossal número de pessoas da crença de que só existe uma vida material levando-as à crença da pluralidade das existências, ou seja ensinando a uma Doutrina reencarnacionista. Poucos os que sabem ser esta a principal missão espiritual da Doutrina Kardecista, mas essa é precisamente a missão básica do Espiritismo, ou seja, apresentar uma doutrina relativamente simples mas que tem valores positivos de grande significação.

Num plano mais elevado o Espiritismo visa levar as pessoas ao conhecimento de que os espíritos reencarnam. Sem este conceito básico o desenvolvimento da humanidade se tornaria muito lento. Desde que uma pessoa tome conhecimento de que existem encarnações sucessivas torna-se bem mais fácil o seu desenvolvimento espiritual. Eis, pois, a missão essencial do Espiritismo.

O mundo ocidental praticamente influenciado pela Doutrina Judaico Cristã em sua forma exotérica, acabou levando o povo a esquecer que esta não é a única existência do espírito na terra. O autêntico Cristianismo foi deformado pelas forças obscurantistas através de vários concílios, a partir dos quais foi expurgado tudo o que constava nos Evangelhos e que dissessem respeito à reencarnação. Assim os padres da Igreja conseguiram esconder uma verdade milenar dos olhos do povo, e naturalmente era necessário que esse conceito viesse a ser reabilitado por ser ele de fundamental importância.

Ao Espiritismo coube resgatar esse conhecimento intencionalmente expurgado pela força negativa no mundo ocidental. Tem como missão revelar essa verdade, conduzir as pessoas à aceitação de uma verdade fundamental para o progresso do ser humano. Trata-se, por certo, do primeiro degrau da porta de entrada aos arcanos do conhecimento místico, da escada mediante a qual o espírito ascende com mais rapidez.

A proposta do Espiritismo não é de ensinar elevados conceitos metafísicos, isto é reservado a outras doutrinas. O seu papel é o de conduzir a pessoa no caminho do retorno à ascensão espiritual. O povo ocidental metafisicamente ainda é muito elementar, a não ser os que pertencem a certas organizações iniciáticas. De um modo gera, a massa é totalmente ignorante quanto aos conceitos elevados a respeito da espiritualidade, e o Espiritismo é o primeiro passo da senda. Como tem que atender à uma parcela de conhecimentos místicos rudimentares ele não poderia ser muito metafísico. É por isto que muitos o consideram uma doutrina elementar, mas isto não o invalida, bem ao contrário, o seu papel é extremamente significativo, pois se trata do trazer um sistema diferente de doutrina que, ao mesmo tempo em que atenda às limitações dos seus adeptos, os leve à aceitação dos princípios da reencarnação. Não tendo conceitos minuciosos e elevados é exactamente ele que atrai o maior número de pessoas possíveis.

Se o Espiritismo contivesse uma doutrina muito refinada, bem metafísica por assim dizer, não seria fácil uma pessoa aceitá-lo e assim poder trocar os conceitos uni-encarnacionistas e os dogmas elementares ensinados pelas atuais religiões cristãs pelas idéias relativas à transmigração do espírito. Não é fácil o afastar-se directamente do Cristianismo Ortodoxo e abraçar o Cristianismo Gnóstico por exemplo, desde que existe um grande abismo separando os conceitos uni-encarnacionistas dos pluri-encarnacionistas, e cabe, exactamente ao espiritismo servir de elo intermediário, de funcionar como uma ponte entre um sistema e outro, por onde as pessoas possam chegar aos altos fins da existência.

O Espiritismo é sistema religioso simples mas de grande importância no que tange a significação da solidariedade humana, da ajuda mutua, em suma, da caridade acima de tudo.

O que não é comum às pessoas saberem é que no estabelecimento do Espiritismo houve a mão do Druidismo. Na realidade o livro básico do Espiritismo é intitulado de "O Livro dos Espíritos" que foi escrito por um médico francês chamado de Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-69), que usava como pseudônimo a palavra Allan Kardek. Léon dizia que usava este nome por haver sido ele o seu nome numa encarnação anterior em que fora um sacerdote druida. Na realidade isto é correto, houve na verdade um sacerdote druida de altíssima estirpe na civilização céltica, chamado Allan Kardek.

Não nos cabe agora descrever em detalhes quando e onde exactamente Allan Kardek viveu, apenas nos basta saber que foi na Civilização Céltica. Há registros de que ele por séculos viveu ensinando nos templos druídicos.

O "Altíssimo Sumo Sacerdote Druida" disse que voltaria a encarnar para cumprir com a missão de trazer ao mundo ocidental conhecimentos que haviam sido ocultados por milénios. Kardek na realidade cumpriu com aquilo que havia prometido, voltou para cumprir bem sua missão semeando a semente de que existiam encarnações múltiplas, por meio do Espiritismo.

Kardek, podemos dizer, foi o mais alto sacerdote entre todos os que viveram em missão junto ao mundo Celta. Ele, tal como depois veio novamente a fazer quando da encarnação de Hypolyte Léon, disse que houvera sido numa encarnação anterior um Sumo Sacerdote da Atlântida e ali tivera o de Kan. Kan participava da mais elevada hierarquia entre os governantes da Atlântida. Legislador, sacerdote, cientista, pensador e outras qualificações tornaram-no um dos mais eminentes guias espirituais da Atlântida.

Kan foi um dos que previram o fim calamitoso daquele continente caso não fosses tomadas medidas sérias contra determinadas condutas, especialmente no mundo científico. Ele e inúmeros outros cientistas e sacerdotes souberam com antecedência o que estava fadado a acontecer se determinadas experiências continuassem a ser praticadas da forma como estavam sendo feitas na Atlântida. Previram que tudo acabaria numa tragédia inconcebível e sendo assim aquele grupo de pensadores discordantes, dirigidos por Kan, sabendo que não dispunham de meios para deter a insensatez de muitos, passaram a pregar que os que quisessem sobresistir, e ao mesmo tempo salvar os conhecimentos milenares daquela civilização, deveriam sem perda de tempo emigrar.

Foi a partir dos que compunham a hierarquia encimada por Kan que se formaram as correntes migratórias que precederam ao afundamento do Continente Atlanta. Kan no devido momento se fez presente no Egipto onde se iniciava a mais florescente "colônia" atlante. Ele foi, foi por assim dizer, o fundador daquela grande civilização, e um dos que primeiro dirigiu aquele povo.

Em decorrência disto o Egipto foi no passado e ainda hoje também conhecido pelo nome de TERRA DE KAN.

No Antigo Egito Kan assumiu o nome de Toth que mais tarde os gregos associaram a um Deus do Olímpio chamado Hermes. Parte dos ensinamentos de Toth estão com o nome de Hermes, conhecido também pelo nome de Hermes Trismegisto, ou Mercúrio, o Mensageiro dos deuses. Os ensinamentos de Toth, impropriamente chamado de Hermes, estão expostos em muitos papiros, sendo os mais conhecidos deles a "Tábua as Esmeraldas" e "Pistis Sóphia”.


STONEHENGE


                Um Monumento da Idade do Bronze

Um dos mais intrigantes sítios arqueológicos, localizado em Amesbury, entre Londres e Bristol, é uma das principais atracções históricas e esotéricas da Inglaterra, pedras gigantes construídas há mais de 4 mil anos com megalitos de 5 metros de altura e 45 toneladas, colocadas em pé e dispostas na forma de um círculo perfeito numa época privada de computadores. Na Idade Média, a explicação era pura magia. O monumento era tido como uma fonte de poder mágico, utilizado pelo mago Merlin e por toda corte do Rei Arthur para concentrar energias e derrotar os vizinhos irlandeses. Séculos depois o arquitecto Inigo Jones, o primeiro representante da arquitectura renascentista inglesa, difundiu a idéia de que o sítio era um templo romano. Já no século XIX, os Druidas, os sacerdotes dos antigos Celtas, mereceram a autoria do monumento, o que explica os festejos realizados até hoje nos dias de solstício por seus herdeiros espirituais.

Hoje parece consenso, que Stonehenge seja uma obra de homens pré-históricos, que começaram a construí-lo na Era do Bronze, há 5 mil anos. Nesta época, calculam os arqueólogos, iniciou-se a construção de canais que circundam o altar de pedra. As rochas teriam sido trazidas para o local e colocadas em pé bem mais tarde, por volta do ano 2500 a.C., supõe-se que a distância percorrida pelos homens para arrastar as pedras até o local do sítio, tenha sido de 300 quilómetros. O método utilizado, ao que tudo indica, foi usar troncos de árvores como base para rolar as enormes pedras.

No dia de solstício de verão, no mês de Junho, sempre promete ser quente, principalmente pela polícia. Desde 1985, quando o afluxo exagerado de bruxos e esotéricos de carteirinha deixou a polícia baratinada e a festa acabou em uma batalha campal, a visitação tornou-se restrita a uma área de 5 quilómetros ao redor do monumento durante os 4 dias de comemoração do solstício. Uma nova maneira de preservar stonehenge já que é visitado por cerca de 700 mil turistas anualmente e considerado Património da Humanidade pela Unesco.

O novo projecto de visitação, nos planos do historiador Jocelyn Stevens, é mudar a localização do centro de visitantes, aumentar o percurso a ser percorrido a pé pelos turistas e voltar a permitir o acesso (controlado e mais seguro) ao centro do altar. Outra mudança, e um dos principais problemas, é desviar a rota de tráfego pesado de veículos nas rodovias próximas ao sítio.

·              Computador Neolítico

As poucas certezas sobre Stonehenge são:

O sol nasce na "avenida" no dia de solstício de verão e a sombra da Pedra inclinada toca o altar central.  A outra é: enquanto o sol faz sua viagem pelo céu, o sítio actua como um calendário, marcando as estações do ano a partir da posição do Sol em relação às quatro Estações de Pedra. O resto são especulações.

·              As Especulações

O astrónomo Fred Hoyle demonstra a sua teoria de que as pedras e os buracos de Stonehenge foram colocados onde estão para marcar a posição de Sol e da Lua e prever eclipses.

Outra versão aponta o local como um ponto de distribuição de energia para o planeta. Uma linha de energia a partir do Altar de Pedra conectaria o sítio com a pirâmide de Queóps no Egito. As propostas são criativas, mas nenhuma passou pelo crivo da Ciência.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As Origens do Tarô

Tudo começou com o livro Tarô dos Boêmios (Paris, 1889) que seguramente é o primeiro na história do Tarot a abordar os arcanos, tanto sob a ótica da metafísica cabalística quanto dos jogos adivinhatórios numa única obra, pois os outros autores de sua época ou se reportavam a um ou a outro. O livro em questão foi escrito pelo médico espanhol, radicado na França, Gérard Anaclet Vincent Encausse (1865-1917), conhecido como Papus. Encontrei, com suas próprias palavras, toda sua vaidade e arrogância espiritual explicitada nas páginas 273/275 e depois no final da 309 da edição brasileira. Resumindo o conteúdo: Papus dizia que as mulheres eram todas burras o suficiente para não entenderem sua obra cheia de números, letras hebraicas e deduções abstratas, que pertencia aos homens da ciência, mas como era tradição delas jogarem cartas, ele escreveria algumas páginas para não se aborrecerem; esclarece às ignorantes leitoras que o homem tem a razão e a mulher a intuição. Pensei - Homens não jogavam cartas!? Por que ele exultou a cabala e desdenhou a cartomancia?
Tal fato foi uma luz no fim do túnel para começar o que desejava: entender um pouco do passado do Tarot. Como um detetive segui os passos de Papus para entender seu chovenismo; observei a bibliografia do Tarot dos Boêmios e percebi que de consistente e lógico sobre o estudo das cartas de Tarot, ele citava os autores de sua época até, no máximo, um século antes, precisamente, até 1775 sobre as idéias de Antoine Court de Gebelin. Comecei a ler algumas obras possíveis: Etteila (1787), Claude de Saint Martin (1790), Saint Yves d'Alveydre (1830), J.A.Vaillant (1850), Eliphas Lévi (1854), Estanislau Guaita (1886), Mac Gregor Mathers (1888), Piobb (1890), mas não cheguei a lugar nenhum porque observei que todos citavam uns aos outros e todos tinham como ponto de apoio Gebelin e Lévi. Até ai nenhuma novidade, pois todos os estudantes de Tarot já ouviram falar que eles escreveram uma vasta literatura sobre as origens do Tarot. Bem, então o melhor era começar pelo mais antigo.
Ao pesquisar Antoine Court de Gebelin (1725-1784) fiquei estarrecido com a descoberta que foi negligenciada, não sei se proposital, por ingenuidade ou falta de maiores informações dos ditos mestres ocultistas do século 19. Gebelin era filho do famoso pastor evangélico francês Antonie Court (1695-1760) que restaurou a Igreja reformada na França, fundou um importante seminário para a formação de pastores evangélicos, sendo um grande historiador de sua época. Gebelin seguiu os passos do pai, tornando-se um pastor e mais tarde, também influenciado pelo pai, interessou-se por mitologia, história e lingüística. Embora alguns livros o citem como ocultista, talvez, devido a sua obra sobre o Tarot, em sua biografia não encontrei qualquer referência a este respeito; em todo caso é mister esclarecer que ele não teve uma vida dedicada ao esoterismo. Tinha uma obsessão junto com o pai: descobrirem a língua primeva que dera origem a todas as outras e/ou explicaria as várias mitologias conhecidas; também acreditavam que esta língua seriam símbolos, talvez os hieróglifos egípcios.
Certo dia, como ele mesmo diz em sua obra (Le Mond Primitif...), inclusive citado no Tarot do Boêmios, página 231, foi convidado a conhecer um jogo de cartas que desconhecia e em menos de quinze minutos declarou ser um livro egípcio salvo das chamas, explicando, imediatamente, aos presentes, todas as alegorias das cartas. Escreveu, em sua obra, uma retórica do Tarot como sendo a chave dos símbolos da língua primeva e da mitologia; fez uma relação dos arcanos com as letras egípcias e hebraicas e, revelou que a tradução egípcia da palavra "tarot" é "tar" = caminho, estrada e "ot" = rei, real. Para tornar suas teorias pessoais mais contundentes, lançou mão de seu conhecimento em história, abordando a trajetória do Tarot (Tarot dos Boêmios, página 229 e 233), disse que ninguém antes dele desconfiou de sua ilustre origem porque as imagens eram muito comuns e por isso nenhum cientista dignou-se a estudá-las; também revelou que durante os primeiros séculos da Igreja os egípcios, que estavam muito próximos dos romanos (Era Copta, conversão absoluta do Egito ao Cristianismo - 313 a 631 d.C.), ensinaram-lhes o culto de Ísis e os jogos de cartas de seu cerimonial; assim, o jogo de Tarot ficou limitado à Itália e Alemanha (Santo Império Romano); posteriormente, chegou ao sul da França (Provença, Avignon, Marselha) e, ainda desconhecido, no norte (Paris, Lion).
A primeira vez que li sobre essa história, não atentei ao fato de que numa simples olhadela Gebelin descobre ser o Tarot um livro egípcio, que fora ensinado aos romanos pelos próprios egípcios e que ninguém antes dele sabia a respeito - se aceitarmos esta tese como verdadeira, como é possível os romanos (católicos) aprenderem uma devoção (culto de Ísis) considerada pagã aos moldes da época, passando de geração a geração durante mais de 1.500 anos (de 313 a 1775), incólume pela própria Santa Inquisição (1230/1834), sendo disseminada nas regiões que ele cita e absolutamente ninguém escreve ou fala nada a respeito de sua origem egípcia? Então, onde estaria a tradição egípcia do Tarot tão exultada pelos seus conterrâneos posteriores? No período por ele citado, a Itália teve renomados ocultistas, alquimistas, astrólogos, magistas, historiadores, filósofos, arqueólogos, enciclopedistas, todos formadores de opinião e de grande saber - o hermetismo, a gnose e a cabala eram amplamente disseminados -, e Gebelin chama-os de incapazes de observar o que ele, em sua enorme sapiência evangélica, descobriu literalmente em quinze minutos! Observe que Gebelin NÃO descobriu tal fato (a origem egípcia do Tarot) em algum livro perdido no tempo, em algum documento antigo, em alguma ordem esotérica ou revelado por alguma entidade espiritual! Então, tudo o que falamos a respeito da origem egípcia do Tarot surgiu numa simples visita a uma cartomante, numa tarde de sábado, que nem ela e nem a Europa sabiam nada a respeito? Eu me questionava.
Gebelin ficou rico e famoso com suas obras e, a partir de então, o Tarot se tornou uma febre parisiense, todos queriam aprender o jogo egípcio; as ciganas que eram considerados, na época, de origem egípcia, embarcaram na onda e começaram a ler cartas! Ele publicou um Tarot junto com sua obra, mas não se tem notícias de que tenha jogado ou ensinado, pois não se preocupou com jogos ou métodos em seu livro, somente com o Tarot enquanto revelação da escrita egípcia e com os símbolos das cartas como sendo a chave da mitologia. Bem, Gebelin sempre fora uma pessoa respeitada muito antes de falar sobre as origens do Tarot, era filho de um famoso pastor evangélico, historiador reconhecido e amigo pessoal de Benjamim Franklin (!). Com certeza merecia créditos; eu daria, se vivesse naquela época. Tenho que esclarecer mais um fato: Gebelin não escreveu Le Mond Primitif... para o ocultismo, foi em função de sua vaidade em buscar a mesma fama de seu pai que toda a sua obra é voltada em esclarecer a mitologia egípcia e romana e não propriamente o Tarot; embora os ocultistas o citem como tal depois de sua morte, ele era acima de tudo um evangélico! Suas obras e idéias percorreram o mundo da ciência, todos os arqueólogos queriam falar com ele, pois era uma febre francesa descobrir as chaves dos hieróglifos egípcios. Nenhum ocultista esteve com ele ou o citou em alguma obra até alguns anos após sua morte; somente uma pessoa que se tem notícia o procurou em vida para conversar sobre a origem egípcia e fins adivinhatórios: o francês Etteila, anagrama de seu verdadeiro nome Aliette.
Não encontrei muitas referências sobre a vida de Etteila, nome completo ou datas pessoais, além do que está exposto nas obras dos ocultistas do século 19; diziam que ele era um peruqueiro da corte francesa, professor de álgebra, amigo íntimo de Mlle Lenormand (famosa cartomante de Napoleão) e de Julia Orsini (outra famosa cartomante francesa) - não se tem notícias de que tivesse pertencido a alguma ordem ou fraternidade oculta; em todas as suas referências é tido como charlatão. Lévi e Papus revelam que ele se apropriou para benefício próprio das idéias da origem egípcia, da relação das letras hebraicas e egípcias feitas por Gebelin, criando seu próprio Tarot corrigido, compilando as obras de suas amigas, escrevendo onze livros. Instalou-se num dos mais luxuosos hotéis de Paris, Hotel de Crillon, e começou a atender e ensinar a nata parisiense! Voilá, cherry! Gebelin e Etteila devem ter falecido ricos e felizes; um sob a visão da fama científica e o outro do misticismo.
Vamos sair do contexto ocultista e voltar aos historiadores e arqueólogos que devem ter acreditado na figura respeitada, aos olhos parisienses, de Antoine Court de Gebelin, até que Jean-François Champollion (1790-1832) decifrasse os hieróglifos através da Pedra de Roseta. Champollion publicou em 1822 a relação legítima do alfabeto egípcio e seus fonemas; este trabalho lhe rendeu o disputado cargo de curador do departamento egípcio do Museu do Louvre, em Paris, em 1826. Após sua morte, foi publicado, em 1835, seu mais precioso trabalho onde revela toda a gramática e literatura egípcia jamais revelada em toda a história desde o seu desaparecimento na Era Copta. Descobre-se que tudo o que Gebelin escrevera a respeito do Tarot como língua primeva e codificação dos hieróglifos egípcios estava errado, em nada se sustentava perante as verdadeiras revelações da história do Egito - não existe a palavra tarot na língua egípcia (!), muito menos o que supostamente Gebelin disse ter traduzido (!); também, tudo o que ele decifrara de alguns hieróglifos estava absolutamente errado (!) - esta é a parte negligenciada pelos ocultistas, bem como a forma inconsistente da revelação de que precisou de quinze minutos para descobrir a própria origem das cartas de Tarot - Porque? Eu me perguntava frequentemente.
As respostas começaram a surgir quando reli as obras de Eliphas Lévi (1810-1875), pseudônimo de Alphonse Louis Constant, tido como padre por se instalar por algum tempo na ordem franciscana, em Paris, para ter acesso à vasta biblioteca sobre a cabala cristã, mas não era um padre oficializado na Igreja Católica Apostólica Romana, como se pressupõe - a roupa faz o monge, já diz o ditado popular. Um fato incontestável foi que Gebelin e Etteila mexeram com o imaginário popular e, consequentemente, dos esotéricos, pois fica muito claro nas obras de todos os ocultistas do final do século 18 e início do 19 que no âmbito tradicional do universo das ciências ocultas nunca se analisou ou questionou o Tarot - são palavras do próprio Gebelin e de todos posteriores a ele, sem exceção; este é sem dúvida um dos dados mais importantes a serem analisados no que tange à tão exultada expressão "tradição do Tarot", pois tradição não é algo que se extingue e depois reparece.
Lévi, em seu primeiro livro (1854), Dogma e Ritual, páginas 405 a 421, e no segundo, História da Magia, páginas 76 e 242 a 252, execra as obras e a conduta de Etteila, contesta a origem egípcia de Gebelin e repudia a palavra tar=caminho e ot=real. Vai mais além, introduz o conceito de que Moisés escondeu nos símbolos do Tarot a verdadeira cabala e depois ensinou aos egípcios o jogo de carta; também, pela primeira vez, um ocultista, em toda a história da magia, faz uma acalentada tese de associações das letras hebraicas com os arcanos e diz que a palavra tarot é análoga a palavra sagrada IHVH ( h w h y ), sendo também uma variação das palavras Rota / Ot-tara / Hathor / Ator / Tora / Astaroth / Tika. Assim como no livro de Papus, numa segunda leitura, também encontrei críticas às mulheres na obra de Lévi, um pouco mais cruéis eu diria - desdenha Mlle Lenormand chamando-a de gorda, feia, ininteligível e louca, e duas outras cartomantes, Madame Bouche e Krudener, de prostitutas (coquetes ou Salomé à época) - História da Magia, paginas 346 e 347. Reparei que tanto Lévi quanto Papus condenavam as práticas femininas de cartomancia, achavam que elas usurpavam o poder do homem na ciência oculta... Indagava-me, por quê?
Bem, encontrei duas passagens em seu livro História da Magia, páginas 78 e 251, e uma no Dogma e Ritual, página 420, que me deixaram muito intrigado; pareceu-me que ele sabia da verdade sobre o passado do Tarot, mas não sei se foi por ingenuidade ou se proposital, preferiu não dar importância. Primeiro, ele diz que o Tarot mais antigo que se conhece é o Tarot de Gringonneur (1392) e que a Biblioteca Imperial tem uma vasta coleção de todas as épocas; segundo, ele contesta a origem dos ciganos revelada na obra de J.A.Vaillant - Les Rômes, historie vraie des vrais Bohémiens, 1853; a mesma obra que Papus faria sua apologia do Tarot mais tarde -; Vaillant diz que os ciganos eram egípcios e entraram na Europa no início do século 15, chegando à Paris em agosto de 1427; e Levi diz que ele estava errado pois os ciganos são originários da Índia, fato revelado historicamente à época. Temos três verdades absolutas: os ciganos são indianos, entraram no início do século 15, depois do surgimento do Tarot no fim do século 14. Surgem minhas questões: por que Lévi não questionou o porquê de tanto tempo sem que nenhum renomado ocultista falasse a respeito, visto que as cartas eram amplamente conhecidas? Por que Papus insistiu na idéia de que os ciganos eram egípcios, se já era de conhecimento publico sua origem indiana? Por que todos sustentaram a história egípcia de Gebelin, tanto na tradução da palavra Tarot quanto em sua origem, visto que, com a descoberta de Champollion, nada se descobriu em pergaminhos e papiros que as amparassem?
Antes de continuar é importante salientar que TODOS os conceitos que Lévi descreve sobre o Tarot NÃO são dele, pois Gebelin já havia feito a equiparação das letras hebraicas e o ocultista Claude de Saint Martin (1743-1803) publicou em 1792, na obra Table Natural du Rapports..., o restante que Lévi descreve para o Tarot; se você tiver paciência irá reparar em todos os escritos de Lévi que Saint Martin é constantemente citado. Outro dado impressionante, que também não havia percebido na primeira vez, é que absolutamente tudo o que Lévi e Papus escrevem sobre a cabala e os sistemas ritualísticos, podem ser encontrados nos seguintes livros da mesma época: Magus de Frances Barret (1801), A língua hebraica restituída de Fabre D`Olivet (1825) e A ciência cabalística de Lenan (1825). Vamos observar que da mesma forma que Gebelin, Lévi não se baseou em nenhum escrito antigo, lenda ou fraternidade oculta para estabelecer sua relação entre a cabala e o Tarot, foi a partir das idéias do próprio Gebelin e Saint Martin. Portanto, assim como Gebelin inventou a história egípcia, Lévi inventou a história hebraica, pois não há registros de nenhum ocultista - cabalista, magista, alquimista, gnóstico, hermetista - fraternidade ou ordem mística que tenha comentado, escrito ou usado o Tarot antes das obras deles. Para se entender o passado do Tarot ou o que escreveram sobre ele é mister observar os dados históricos; a crença e o misticismo pessoal, neste caso, somente levará à equívocos e discussões inúteis.
Contudo, verdade seja dita sobre as obras de Éliphas Lévi com relação aos textos de magia, cabala e filosofia: são perfeitos e maravilhosos; o que estou manifestando é a relação histórica do Tarot e a forma que entrou no ocultismo. A esta altura já tinha uma noção bem razoável que nem Gebelin e nem Lévi possuíam, ou seja, nada que sustentasse de forma verossímil o passado do Tarot como encontramos nas outras ciências: alquimia, hermetismo, astrologia, numerologia, i ching, magia, cabala. Está absolutamente claro o círculo vicioso de informações, um compilando do outro; talvez eles estivessem disputando quem seria o "pai da criança". Mas tudo tem seu lado positivo, o interesse dos ocultistas pelo Tarot cresceu e, cada um ao seu modo contribuiu para a exploração inesgotável dos arcanos. Tudo é válido no âmbito de sua exploração simbólica, mas a consciência de seu surgimento é um passo importante para o seu futuro.
Eliphas Levi, por ter uma linguagem metafísica muito eloqüente e por sua dissertação dos conceitos cabalísticos em associação ao Tarot, chamou a atenção dos ocultistas ingleses, principalmente, Mac Gregor Mathers (1854-1918). Mac Gregor adota o sistema cabalístico de Lévi, mas faz correções segundo seu entendimento pessoal para aplicar, pela primeira vez na história da magia, o Tarot como forma de meditação e monografia para atingir os degraus de uma ordem esotérica: a Golden Dawn, 1888; esta fraternidade mudaria por completo a visão do Tarot no mundo (!) através de seus dissidentes no início do século 20 - Arthur Waite, Carl Zain, Israel Regardie, Aliester Crowley. No mesmo ano da fundação dessa ordem, ele lança um livro, The Tarot, its occult signification, com base no trabalho de Lévi, Guaita, Etteila, Gebelin, acrescentando correções que achou necessárias sobre a relação da cabala com o Tarot.
Voltemos a Papus - depois de estudar os autores citados até o momento, reli o Tarot dos Boêmios (já era a quinta vez!) e finalmente descobri que o livro é uma fonte arqueológica do Tarot! Tudo está absolutamente lá, só não vê quem não quer! Em cada título de seu livro há subtítulos se referindo a todos os demais. Dentre as obras de Tarot que ele possuía em sua biblioteca, Gebelin era o autor mais antigo e Mac Gregor o mais atual em sua época! Então, vamos observar a principal cadeia viciosa sobre as origens do Tarot: Gebelin (1775) - Etteila (1783) - Saint Martin (1792) - Vaillant (1853) - Lévi (1854) - Christian (1854) - d´Alveydre (1884) - Guaita (1886) - Mathers (1888) - Barlet (1889) - Papus (1889) e ponto final! Um se baseou no outro, cada qual colocou sua teoria, fez suas próprias correções e ninguém questionou nada - ingenuidade, manipulação, arrogância, vaidade, eloquência? Não saberia responder. A verdade dói, em mim também doeu. Eles tatearam no escuro para falarem sobre o Tarot; uma realidade bem cruel é que eles não sabiam absolutamente nada sobre o Tarot e suas origens, mas uma coisa eu achei interessante: por mais que fizessem a retórica cabalística e a verborréia para provar seus pontos de vistas, as explicações práticas sobre os jogos do Tarot terminavam nas cartilhas de Etteila e das cartomantes. Por que? Eu continuava a me indagar. Sinceramente, independente das falhas históricas grotescas que estou questionando em suas obras, eu os indicaria como os patronos do Tarot - Gebelin, Etteila, Lévi, Mac Gregor e Papus; foi graças a estes cinco personagens que o Tarot é o que é atualmente.
A esta altura, sentia-me como um órfão, abandonado de pai e mãe! Eu estava quase jogando para o alto minhas convicções de que o Tarot era sagrado, intocável pelo tempo, guardado a sete chaves por homens eruditos e que escondia toda ciência antiga; mas eu podia estar errado, eu queria acreditar em seu aspecto intocável pela profanidade! A forma como chegou a pseudo história egípcia, cigana ou hebraica do Tarot aos nossos ouvidos eu já havia descoberto: a idéia de Antonie Court de Gebelin foi ampliada por Etteila, Lévi e Mac Gregor; Papus fez uma amalgama de todos; chegou ao século 20 através das mãos dos dissidentes da Golden Dawn, que mantiveram as mesmas histórias, também acrescentando outras, todos corrigindo as imagens do Tarot, todos querendo os louros da vitória, e assim por diante... Mas e antes? Estaria, o Tarot, numa arca sagrada aos pés dos guardiões da verdade? Sendo escondido, noite após noite, do famigerado Santo Ofício?...
Durante anos bisbilhotei várias obras, referências históricas, museus, bibliotecas - tudo está detalhado em meu livro -, fiz uma mapa do tempo de tudo o que havia sobre o Tarot. Confesso que ri muito quando comecei a ver os verdadeiros fatos. É uma pena o século 19 ter sido desprovido do telefone, fax, computador, e-mail, internet, avião, pois não estaríamos dois séculos atrasados nos estudos do Tarot, inventando histórias e distorcendo a potencialidade do uso dos arcanos! Os dados históricos destronam qualquer idéia mais romântica a respeito do Tarot, mas em nada invalidam seu potencial; para continuar este manifesto do futuro do Tarot, vamos separar o que é o Tarot do que querem que o Tarot seja!
Minhas convicções sobre a "tradição" do Tarot começaram a ruir quando eu descobri que entre 1583 e 1811 na Espanha, e entre 1769 e 1832 em Portugal, houve estatais na produção de cartas de Tarot, produziam em média 250.000 pacotes por mês para consumo interno e envio para suas colônias ao redor do mundo! Para jogar adivinhação com o Tarot!? Não, para jogos lúdicos! Sim, o Tarot é usado até os dias atuais na Europa como uma jogatina, principalmente, na França, onde há campeonatos anuais; eu mesmo, já tive a oportunidade de observar um em 1998, em Avignon. O ofício de artesão de Tarot era uma profissão (!) em toda a Europa desde 1455 até o fim do século 19! As cartas pintadas à mão (valiosíssimas) constavam do espólio de famílias nobres, com clérigos! O Tarot teve altas tributações ficais em todos os países desde o século 16 até o início do século 20 - uma particularidade que achei fantástica (para acabar de vez com meu misticismo com o Tarot) foi que em 1751, o rei da França, Luiz XV, ordenou que todas as taxas provenientes do Tarot de todo território fosse para o fundo monetário da Academia Militar! E mais: os primeiros registros oficiais de cartomancia datam por volta de 1540 !!!!!
- Meu Deus!... Onde estava a Santa Inquisição que todos dizem ter persiguido o Tarot? Dormindo? O arcano 15, O Diabo, que possivelmente condenaria o Tarot aos olhos da Igreja, sempre esteve presente em todas as mesas da Europa, desde as primeiras cartas que se tem notícia no final do século 14 até os dias atuais! Como as cartomantes passaram incólumes pela fogueira? Por que Gebelin disse desconhecer as cartas de Tarot se havia alta produção de cartas em Paris e por toda Europa? Por que nenhum ocultista renomado da Europa anterior a Gebelin nunca prestou atenção na cartomancia ou nos símbolos das cartas? Por que??? Por que o Tarot não fazia parte do círculo ocultista?
Por fim soube que o Tarot não se chamava Tarot (!) e nem as cartas se chamavam de arcanos (!). - Onde está a tão exultada tradição milenar dita por Lévi e Papus sobre o nome "Tarot"? Foi a última coisa que me lembro perguntar sobre o passado do Tarot, antes de aterrissar meus pés no chão e ver que o Tarot ainda é um bebê se comparado à astrologia, numerologia, cabala, sem nenhum passado extraordinário... Os primeiros registros datam por volta de 1370/90, o que denominamos de Tarot era chamado de Ludus Cartarum (cartas lúdicas) ou Naibis; depois, por volta de 1440/1500, passou a se chamar Trunfos (mais usual à epoca), Tarocco ou Tarochino; por volta de 1550/1600 de Trunfos do Tarocco na Itália e Trunfos do Tarot na França, também outras variações chamadas de Minchiatte ou Florentino; somente por volta de 1850/1900 surge o termo Arcano do Tarot; e no século 20 cada país passa a nacionalizar a palavra: Tarocco (Itália); Taroc (países germânicos); Tarok (leste europeu); Tarot (língua portuguesa) e Tarot (na maioria dos países). Observe os espaços de datas, não são meses, são em média de um século. Imagine seu eu lhe dissesse que você iria casar daqui a cem anos? Sim, esse é o tempo de uma nominação para outra! Uma média de um século! Cadê a tradição? Onde está a base histórica de Gebelin e de todos os outros que o seguiram? A palavra "tarot" surge na França por volta de 1590/95 nos estatutos da Associação de Fabricantes de Cartas Parisienses!
As descobertas subsequentes não me aborreceram mais, muito pelo contrário: comecei a vibrar por ter certeza de que absolutamente ninguém sabe nada além do que está escrito (de certo ou errado) nos livros! Não tive nenhum trauma quando procurei referências dos grandes ocultistas renomados, formadores de opiniões, cátedras das ciências ocultas, e não encontrei nada que tivessem dito sobre o Tarot ou algo que se assemelhasse a ele. Para dizer a verdade, encontrei somente um único ocultista sem grande expressão que fez uma referência aos quatro elementos em relação ao Tarot - Guilleume de Postel (1510-1581) -, mas ninguém deu ouvidos a sua teoria até Lévi e Papus fazerem sua apologia do passado longínquo do Tarot e citá-lo como destaque. Em 400 anos de existência do Tarot, desde os primeiros registros oficiais até a história egípcia de Gebelin (~1370/~1770), somente uma única pessoa fez referências esotéricas!? Este fato corrobora ainda mais o desinteresse pela classe ocultista dos séculos 14 ao 18 pelo Tarot e sua cartomancia.
Porém, encontrei algo surpreendente fora dos círculos esotéricos sobre as cartas do Tarot: crônicas questionando o que seriam aquelas imagens enigmáticas, poesias líricas, óperas, romances, murais, quadros, uma vasta expressão artística a partir do século 15; assim, as cartas do Tarot estavam inseridas no contexto social, sendo conhecidas por todos! Repito: um fato muito curioso é que as cartilhas sobre a taromancia começaram a surgir por volta de 1530-50 e o Tarot começou a ser visto também como algo para predizer a sorte e o futuro. Por que nenhum renomado ocultista sequer comentou sobre isso - Basílio Valentin (1398-1450), Picco della Mirandola (1463-1494), Paracelso (1493-1541), Cornelius Agrippa (1486-1535), John Dee (1527-1608) -, principalmente, Robert Fludd (1574-1637) e Jacob Boehme (1575-1624) que resumiram todos os oráculos de sua época? Os aspectos de jogos lúdicos e adivinhatórios andaram lado a lado e, estes, paralelos com a astrologia, numerologia, cabala, mitologia, hermetismo, alquimia, magia até se juntarem nas obras de Gebelin, Levi. Mac Gregor e Papus. Outro dado curioso que percebi: somente mulheres jogavam o Tarot (ditas cartomantes)!... Comecei a pensar sobre a sociedade até o final do século 19 - era patriarcal e misógina! Será que houve uma descrença no sistema de cartas por causa do contexto feminino? Ou será que pelo fato do Tarot expressar símbolos comuns de sua época não teria nenhum valor ocultista? Neste caso, eu acredito que foram ambos os fatores!
Lembram como comecei minha pesquisa que durou dez anos (1987/97)? Sim, voltemos ao cavalo de Tróia: Gebelin, Lévi e Papus; eles me forneceram as peças de todo o quebra-cabeça. A partir da bizarra história egípcia sobre o Tarot criada por Gebelin, os ocultistas viram uma possibilidade de abarcarem as técnicas de cartomancia, sem caírem no ridículo de usarem "uma arte feminina nos vôos da imaginação", como disse Papus, ou usaram a arte das "loucas e coquetes", segundo Lévi. Como? Fizeram uma retórica metafísica impossível delas compreenderem - se reparar na história do ocultismo, da magia, da cabala e da alquimia observará que não há uma única mulher (eram todas consideradas bruxas, ignorantes e maldosas!) que anteceda a Helena Blavatsky (1831-1891)! Ela foi muito "macho" em peitar todos os ocultistas eruditos. Assim, não foi difícil começarem a estudar uma arte feminina, que estava ao lado de todos eles por tantos séculos, mas que nunca ousaram tocar por puro preconceito machista. Os homens (ocultistas eruditos ou não) sempre tiveram a mulher como burra e incapaz, um ser inferior; como eles iriam admitir que o poder feminino descobriria uma arte oracular que somente pertenciam às sábias mentes masculinas?
Afinal, nada melhor do que a imaginação e a intuição feminina para descobrir o significado simbólico das cartas ao invés da razão e da lógica dos eruditos que necessitavam de fórmulas complicadas para tudo. Para mim ficou muito claro o porquê da ausência do estudo do Tarot entre os renomados ocultistas até o século 18 e, principalmente, o porquê de tanto escárnio nas obras de Lévi e Papus sobre as cartomantes ou, no caso de Etteila, um homem que se atreveu a jogar cartas como elas, denegrindo a imagem do "macho esotérico que conjura demônios"... Coisas do século passado... Hoje, homens e mulheres jogam o Tarot; mas você deve ter percebido que ainda temos uma resistência em aceitar os jogos adivinhatórios e tentamos sempre lucubrá-lo com a mais alta metafísica - talvez seja o ranço herdado das obras de Levi, Papus, Mac Gregor e seus dissidentes.
Vamos falar a verdade? Não conheço um só estudante de Tarot, em qualquer lugar do mundo, que se diga "cabalista da tradição em busca do sagrado", ou que diga "o Tarot é uma arte do autoconhecimento", que não esteja diariamente se profanando, jogando o Tarot, querendo saber dos acontecimentos e das causas! Vamos ser honestos? No fundo todos querem aprender a abrir o Tarot como qualquer cartomante antiga! Pode falar que é orientação, autoconhecimento, espiritualidade, tradição, não importa, no fundo terminamos onde Etteila começou; aliás, aperfeiçoamos primorosamente as suas cartilhas e de todas as cartomantes! Assim como os ocultistas do século 19, também estamos nos escondendo atrás dos estudos da cabala, mitologia, astrologia, psicologia, para encontrarmos a dignidade e o direito de jogarmos cartas! Estaremos nos enganando, complicando uma arte que poderia ser simples?
Embora o Tarot fosse conhecido e utilizado há séculos na Itália, Alemanha, Suíça, Espanha e França, foi precisamente em Paris que ele criou sua própria luz espiritual, tanto no surgimento de seu nome (tarot), quanto em sua centrifugação com o ocultismo; observe que todos os autores que descrevemos são franceses e publicaram suas obras na Cidade Luz. Bem, no início do século 20, principalmente, depois da 1º Guerra Mundial, tudo mudou para a imagem feminina: elas conquistaram o direito de trabalhar, de votar, de viver sozinha, escolher sua família e, finalmente, começaram a desenhar o Tarot... ôps, esqueci de dizer, somente homens podiam ser artesãos de Tarot até o início do século 20. A primeira mulher a pintar um Tarot foi Pamela Smith que desenhou o Rider-Waite Tarot, publicado em 1910... Hoje elas tomam seu lugar glorioso no pódio das sibilas e pitonisas parisienses, italianas, americanas, espanholas, brasileiras... Avante mulheres tomem as rédeas do Tarot: ele pertence a vocês - agora posso usar a palavra - por tradição!
Quem sabe, talvez, se tivéssemos a humildade e a dignidade de admitir que o Tarot opera perfeitamente no mundo oracular e divino, mas não existe todo esse passado magnífico, mágico e tradicional que nos imputam ou em que queremos acreditar; ou ainda melhor, aceitar uma verdade tão clara e evidente: ele é um oráculo recente, jovem, aberto à exploração, ávido por uma estruturação, que nasceu há poucos séculos e depende de nós preservá-lo, estudá-lo, tomando o devido cuidado em não deformar seus símbolos por puro egocentrismo e perder essa arte maravilhosa, esse alfabeto mágico, que casualmente foi descoberto! Também por quem foi descoberto não saberemos, como não saberemos nada além do que existe de real e concreto a respeito dele; se os verdadeiros homens eruditos que se debruçavam na maravilhosa arte alquímica e hermética ou de toda espécie de filosofia oculta não sabiam, ou não procuraram saber e investigar as cartas do Tarot, nós que perdemos o elo simbólico e a visão filosófico-espiritual do mundo iremos descobrir? Nós que nos baseamos em todo o manancial de cultura simbólica desses eruditos medievais e renascentistas, que não revelaram nada, iremos desvendar? A resposta é um sonoro NÃO; o restante será apenas conjecturas insólitas e inverossímeis. O Tarot é como uma criança que precisa ser alimentada e educada, senão poderá se perder durante sua vida com tantos Tarots corrigidos que surgem e tantas informações desencontradas.
Em todo caso é compreensível o fato dos antigos ocultistas não aceitarem o Tarot no âmbito esotérico, não pelo seu aspecto de pertencer às mulheres, mas pela falta de conhecimento do conceito de "arquétipo" - padrão de comportamento que é intrínseco na vida humana, desenvolvido na metade do século 20! Hoje observamos o símbolo e não propriamente a imagem desenhada, tentamos nos transportar além de sua figura para atingir um sentido de significações. Assim, o Tarot se tornou um conjunto de modelo comportamental humano, adapta-se a qualquer sistema que se queira trabalhar ou estudar. Talvez algum iluminado, um sábio ocultista, realmente o tenha criado, pois sua estrutura não deixa dúvidas de que há elementos bem significativos de toda ciência oculta, porém acredito que não tenha sido inventado para a finalidade que utilizamos atualmente... Coisas do destino... Também observe que se aceitarmos a associação do Tarot-cabala que Levi desenvolveu, o sistema desenvolvido por Mac Gregor ou Waite estarão errados; se aceitarmos o sistema cabalístico de Crowley, o de Mac Gregor, Waite e Levi estarão errados; se aceitarmos o de Mac Gregor e Waite, o de Levi e Crowley, também, estarão errados - o mesmo ocorre com os trabalhos de Juliet S.Burk (mitologia grega), Clive Barret (mitologia nórdica), Falconnier (mitologia egípica), Anna Franklin (mitologia céltica), que se negam um ao outro em analogias! -. Quem está com a razão? Todos! Qualquer sistema se adapta ao Tarot porque ele é um conjunto arquetípico! Isto é que faz o Tarot tão rico em sua expressão e, talvez, confuso à primeira vista.
Tenho lutado para que todos desenvolvam uma elaboração estrutural do Tarot, sem ego pessoal ou assimilação de outras doutrinas, que escrevam ou conceituam mais do que apenas desenhar "seu próprio Tarot", porque fica evidente sua deformação simbólica à medida que todos querem ter a "revelação mágica dos símbolos"; mas para tal, não podemos nos negar nada, nem que seja o absurdo de começarmos do nada, de inutilizarmos tudo, fazermos uma deliciosa fogueira exorcizando todo devaneio romântico do que foi aprendido sobre os arcanos e recomeçarmos fortes, verdadeiros, rumo a análises confiáveis e livres de dogmas pessoais. Se não partirmos da premissa básica que é o reconhecimento de seu verdadeiro passado, seja ele bom ou mau, mundano ou divino, falso ou real, lazer ou oracular, não será possível termos certeza do que temos nas mãos, nem a convicção do que poderemos fazer com o Tarot. Sei que formulei mais questionamentos, deixei muito mais perguntas do que evidenciei respostas. Também vamos ser práticos, as respostas do passado não existem, somente as do futuro: como vamos estruturar e conceituar definitivamente seus arcanos e, assim, garantir a continuidade do Tarot para futuras gerações?

Notas Importantes

1) Desenhe o Tarot que desejar, expresse sua criatividade, mas nunca deforme sua fonte original simbólica, nominativa, quantitativa e os atributos essenciais de cada carta;
2) Ao consultar tarot escreva e associe o Tarot com qualquer coisa em nosso universo, mas nunca se esqueça de que é do Tarot que está falando ou explicando - sempre deixe essa "outra associação" em segundo plano;
3) Tenha mais consciência do Tarot enquanto significado de seus arcanos e não do significado da cabala, astrologia, mitologia, numerologia, pois cada uma destas ciências tem sua própria história, estrutura e utilização; todas as associações feitas até hoje ainda são discutíveis;
4) Vamos descobrir novas estruturas, explicações e análises para o Tarot, de uma forma mais pura, mais direta, menos abstrata, como ocorre na astrologia ou numerologia: longe dos devaneios místicos;
5) Esqueça do passado tradicional do Tarot, ele não existe; pense em seu futuro!  O tarot on line e o tarot virtual são apenas um rascunho do que está por vir.
6) Diga não a tudo o que não comporte a significação dos 78 arcanos.
7) Tarot é Tarot.

Fonte:http://www.mortesubita.org/miscelania/textos-diversos/consultas-de-tarot/view